sexta-feira, 29 de junho de 2012

Plano de Parto

Imagem Google
Você já pensou sobre como gostaria que fosse o seu parto? Já conversou com seu médico sobre isso? Sabe quais são as intervensões realizadas rotineiramente pelo hospital ou equipe que atenderá seu parto? Elas são realmente necessárias?

Elaborar um plano de parto pode ajudar você a pensar sobre todas essas questões, ficar mais consciente do parto que deseja ter e te colocar no papel de protagonista da sua história.

O plano de parto é uma carta, ou lista, onde a gestante deixa claro seus desejos para o momento do parto e o pós-parto. Pode incluir pontos como local e posições de sua preferência, procedimentos que gostaria que fossem evitados, procedimentos que aceitaria e em quais situações, ambientação do local do parto (música, luzes baixas, silêncio...), quem estará te acompanhando (companheiro, doula, mãe, uma amiga...), além dos primeiros cuidados com o bebê, o corte do cordão, procedimentos médicos, primeiro banho, entre outros.

É interessante conversar com o seu médico sobre o plano de parto, e mesmo que você vá realizar o parto pelo SUS, ou com o médico plantonista, você pode levar cópias do plano de parto para entregar para cada um dos profissionais que te auxiliarão. Essa tarefa pode ficar a cargo do seu acompanhante, já que formalidades não combinam muito com o trabalho de parto, você estará concentrada em trazer seu bebê ao mundo.

O plano de parto não é uma garantia de que tudo acontecerá da forma como está escrito ali, pois tudo dependerá de como irá evoluir o trabalho de parto, do local e da equipe onde acontecerá o parto ( que infelizmente muitas vezes não respeitam o desejo da mulher), do apoio que a parturiente terá, dos fatores ambientais, enfim... A ideia principal do plano de parto não é ser exatamente um roteiro a ser seguido à risca, mas sim um guia, um exercício de reflexão onde fiquem explicitadas seus desejos e vontades, um ponto de partida para um parto digno e respeitoso.

Confira aqui um exemplo bacana de plano de parto: 
http://www.amigasdoparto.com.br/plano4.html

Nós do Gaia teremos muito prazer em auxiliar na elaboração do seu plano de parto, entre em contato conosco!

Com amor, 
Equipe Gaia.

PS: ser respeitada e bem tratada é um direito seu. Se sofrer qualquer tipo de violência ou desrespeito durante seu pré-natal, parto e internação você pode denunciar a instituição e/ou profissonal pela conduta imprópria.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Parir Dói?

(imagem: google)
A dor do parto e o medo da dor do parto fazem parte da nossa cultura. Mas dor não é sinônimo de sofrimento. Uma mulher empoderada, preparada e com o acompanhamento de profissionais humanizados pode parir sentindo pouco ou até mesmo nenhuma dor! Hoje existem muitas maneiras de aliviar a dor do parto e aqui, não falo só de anestesia e analgesia. Falo de métodos não farmacológicos para o alívio da dor.

O medo da dor do parto pode gerar uma cascata de intervenções desnecessárias na hora do parto. É importante a mulher se conhecer, conhecer seu corpo, saber como lida com a dor, se preparar para ela. Um acompanhamento psicológico (conhecido como psico-profilaxia) ao longo da gestação pode ajudar a se conhecer e se preparar para este momento. Mas ele não impede a dor de chegar. Ter um companheiro preparado e/ou uma doula ou outro profissional de confiança (uma parteira, uma enfermeira obstetra, uma obstetriz) é bastante válido pois eles vão ajudar a parturiente a encontrar a melhor forma, o melhor método quando a dor chegar, eles garantem o apoio emocional e a segurança. Já a falta de apoio emocional pode gerar tristeza, sofrimento e contribuir para um aumento na percepção da dor. Este é o 1º item da lista abaixo com diversos "métodos" para aliviar a dor:

*Movimento - Ter a liberdade para escolher a melhor posição, andar, se movimentar, sentar na bola de Pilates e rebolar, dançar ajudam o corpo a trabalhar, ajuda a gravidade a agir e promovem uma sensação de bem estar e relaxamento (a tradicional posição deitada - que tanto se vê em novelas e filmes - não contribui em nada para a fisiologia do parto).

*Água - Seja por imersão ou no chuveiro, a água quente colabora e muito para o alívio das dores. Geram uma sensação de relaxamento, prazer e bem estar. Em imersão, podem diminuir pressão arterial, diminuir os riscos de laceração no períneo podem ainda ajudar a acelerar o trabalho de parto.

*Vocalização - O uso da voz é uma ferramenta interna que ajuda na concentração no corpo, focalizando na diminuição da dor.

*Ambiente - Ter um ambiente aconchegante e acolhedor, poder escolher a intensidade de luz, se tem som ou não, se quer vela ou não, se quer aromas ou não, podem contribuir para a sensação de segurança, conforto e tranquilidade. Na escolha e preparação do ambiente vale levar em consideração a privacidade. Estar entre pessoas que se confia contribui para uma boa evolução do parto.

*Toque - Massagens, contra-pressão na lombar contribuem para o alívio das dores bem diretamente. Já os beijos e carícias contribuem para a sensação de prazer e bem estar.

Esses métodos devem ser seguidos/aplicados sempre conforme o desejo da parturiente. É ela e só ela quem pode afirmar o que é melhor em cada momento. E o que é bom num momento pode não ser em outro. É bastante comum algo que no início do trabalho de parto era gostoso e confortável se tornar irritante e perturbador... o contrário também é válido.

Barulho, medo, luz forte, falta de privacidade, um ambiente hostil e dor são como uma porta aberta para a ativação da neocortex, ativando a adrenalina que inibe a ocitocina e a endorfina que são hormônios imprescindíveis para um trabalho de parto saudável e tranquilo.



Com amor,
Equipe Gaia




segunda-feira, 25 de junho de 2012

Exterogestação, o que é?

Uma gestação que vai bem dura aproximadamente 9 meses e é dividida em 3 trimestres. O que muita mãe não sabe ou conhece é que os estudiosos hoje falam em um quarto trimestre, o primeiro trimestre de vida fora do útero da mãe. É a exterogestação, período de adaptação do bebê ao meio externo.

O bebê passa 9 meses em um ambiente aquático, onde a luminosidade era mínima, praticamente não havia variação na temperatura, o alimento estava sempre a disposição, os sons mais conhecidos eram os do corpo da mãe, a percepção do tempo era quase nula, era sempre embalado pelo caminhar da mãe e seu corpo era contido pelo corpo da mãe.

Quando ele nasce, o ideal é que essa transição seja suave, respeitando o bebê e seu conhecimento de mundo. Na hora do parto, manter a luminosidade baixa, sons suaves e manter o bebê em contato com a mãe colabora para uma transição tranquila. No período que segue, sempre que o bebê estiver desconfortável ou com alguma necessidade, ele vai chorar, pois este é o único meio de se comunicar que ele conhece. Nesse momento, é importante lembrar de como ele estava dentro do útero e tentar reproduzir este ambiente aqui fora...

Como fazer isso? Dr. Harvey Karp coloca 5 sugestões que, se aplicadas corretamente, acabam por tranquilizar o bebê rapidamente.

1) Pacotinho/Casulinho: é enrolar bem o bebê com o cueiro reproduzindo o ambiente apertadinho do útero. É importante que o cueiro não fique solto e não encoste no rosto do bebê, pois o toque no rosto pode estimulá-lo a buscar o peito e se agitar ao invés de se acalmar.

(imagem: www.carinhodepano.com.br)
2) Posição de lado: No útero o bebê nunca ficava apoiado sobre as costas, sua posição era de ponta cabeça, fetal e lateral (no útero, devido ao meio ser aquático, a pressão sobre a cabeça se anulava, portanto aqui fora, o bebê não sente falta de ficar de cabeça para baixo). Aqui fora o ideal é deitá-lo de lado, embrulhadinho ou mantê-lo num sling (carregador de bebê), onde suas costas estarão curvadas e ele encolhidinho, na posição fetal.

(imagem: sonia vill/arquivo pessoal)
(imagem: arquivo pessoal)








3) O som do útero: o som mais conhecido para o bebê é o shhh shhh, que o corpo da mãe faz internamente. Pode-se repetir este som de 10 a 20 cm de distância do ouvido do bebê em altura igual ou superior ao seu choro. Ou pode-se usar um secador de cabelos, aspirador de pó, um cd que reproduza o som do mar, ou um rádio fora de sintonia.


4) Balanço: No útero, o bebê acompanhava todos os movimentos da mãe, caminhar, sentar, levantar, deitar, estava em constante movimento/balanço. Por isso manter o bebê junto ao corpo é tranquilizante para eles, colocá-los de bruços sobre o braço (cabeça sobre a mão, bumbum próximo ao cotovelo e perninhas e bracinhos soltos) e caminhar rapidamente, reproduz a sensação que ele tinha dentro do útero.

5) Sucção: Quando o bebê estava no útero, ele ficava bem apertadinho, mas as mãozinhas costumavam estar próximas ao rosto, isso fazia com que constantemente ele as sugasse... Após o nascimento ele tem muito espaço, e isso é desconhecido, fica portanto difícil encontrar as mãozinhas para sugá-las. Essa sucção não-nutritiva é bastante importante para o bebê. Portanto orienta-se a amamentação em livre demanda, não somente para garantir uma boa nutrição e ganho de peso ao bebê, e sim para que ele possa suprir essa sua necessidade de sucção. Chupetas não são recomendadas pois podem levar a um desmame precoce seja  pela confusão de bicos, seja pela diminuição da estimulação nas mamas.

Hora do Banho: Entrar na banheira é uma mudança radical de ambiente e temperatura, é possível minimizar essa mudança embrulhando o bebê em uma toalha-fralda e só depois de imerso, ir liberando os membros um a um para efetuar a limpeza, a toalha-fralda faz uma contenção e transmite a sensação de segurança ao bebê. O banho de balde também é excelente pois leva o bebê a uma sensação conhecida desde o útero.



(imagem: arquivo pessoal)
Esteja disponível para seu bebê, procure descansar quando ele dormir, obtenha ajuda para as coisas da casa. O cheiro da mãe, e o som do seu coração são o porto seguro deste bebê, é por isso que muitas vezes a família inteira pode tentar acalmar um bebê que chora, mas é só a mãe chegar perto que ele se acalma.



Vale a pena conhecer os carregadores de bebês artesanais, os slings (wrap, pounch e ring). São ótimos para manter o bebê juntinho à mãe com cheiro, calor, sons e movimentos conhecidos!


E aproveitem pra ficar bem grudadinhos enquanto eles deixam, estabelecer um vínculo precioso, com  muito respeito a esse ser que acaba de chegar ao mundo! Depois eles vão amar correr por aí! Livres e seguros, sabendo que têm aos pais como porto seguro, sempre!

Com amor,
Equipe Gaia


PS: As dicas do Dr. Harvey estão originalmente no livro: The Happiest Baby on The Block, Dr. Harvey Karp, Bantam Dell, 2002. New York.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Amamentação - algumas informações importantes de saber antes do parto


Escrevi esse texto em meados de 2010, quando ainda estava grávida, depois de participar de um maravilhoso encontro do Grupo De Gestantes do HU  - UFSC. Saí de lá com todas essas informações fervilhando na minha cabeça e achei que seria muito importante compartilhá-las com outras gestantes. Agora tenho a feliz oportunidade de compartilhar aqui no Gaia também! 
É claro que esse texto não aborda todas as nuances desse processo tão rico que é o amamentar um filho, porém apresenta algumas dicas básicas e informações práticas que considero muito relevantes.

Com muito carinho,
Bárbara Marques Nunes.


Amamentação: Algumas informações importantes de saber antes do parto

Preparo das mamas: não existe nenhuma evidência de que esfregar com bucha, toalha, ou fazer rotação dos mamilos possam prevenir as fissuras, porém existem profissionais que defendem essas técnicas fortalecem a aréola, assim como o banho de sol. Não se deve passar nenhum produto (óleos, hidratantes, pomadas...) nos mamilos, pois além de deixar a pele mais fina eles obstruem pequenas glândulas que surgem ali para a lubrificação do mesmo. Essas glândulas são como pequenas espinhas, bolinhas, que aparecem durante a gravidez (não devem ser cutucadas ou espremidas). Cada mulher tem o mamilo diferente do outro, em algumas o bico é pra fora, outras é liso e em outras, invertido, porém nenhum deles impede a amamentação. O tamanho do seio não tem nenhuma relação com a quantidade de leite que a mulher vai produzir. É muito importante que a mulher seja informada e orientada sobre  aleitamento durante o pré-natal, porém muitas vezes esse assunto é deixado de lado pelos profissionais da saúde que atendem a mulher. Procure ajuda, leia, informe-se, vai ser de extrema importância mais pra frente.

Pega do peito pelo bebê: é muito importante que o seio seja oferecido ao bebê o quanto antes após o nascimento. A equipe que assistirá o parto deve colocar o bebê em contato com a pele da mãe logo que possível e após a primeira troca de carinho o bebê vai procurar a mama ou ser levado a ela. É importante que desde essa primeira mamada o bebê já pegue de forma correta, pois se pegar errado já pode provocar fissura. Algumas mulheres já saem da sala de parto com o mamilo fissurado pela pega errada. A pega correta é quando o bebê abocanha a maior parte da aréola e não somente o biquinho, seu corpo deve estar voltado para o corpo da mãe, um de frente pro outro, o queixinho encosta no seio e a língua do bebê fica em baixo do mamilo, fazendo movimento ciliar para ajudar o leite a sair. O bebê nasce com o instinto da sucção, porém não nasce já sabendo mamar, é um aprendizado tanto para ele quanto para a mãe, esse aprendizado requer muita paciência e uma boa rede de apoio, profissionais que bem orientem a mãe e a família apoiando e incentivando. É um momento delicado e de bastante fragilidade da mulher, portanto a última coisa que ela precisa é ouvir histórias negativas sobre amamentação, leite fraco, esse tipo de coisa. A mulher que está amamentando precisa de bastante repouso, tranqüilidade, se manter bem alimentada e bem hidratada.

A descida do leite: o primeiro leite que sai do seio da mãe é chamado de colostro. Ele é importantíssimo pois é rico em anticorpos da mãe que passarão para o bebê, imunizando-o de muitos vírus e bactérias. Por ter menos gordura, algumas pessoas acham que o leite é fraco e que o filho ficará com fome, o que não é verdade, aquilo é o que ele necessita naquele momento. O bebê não vai passar fome, ele nasce com uma reserva de nutrientes, e é normal que nos primeiros 5 dias ele emagreça, perca até 10% do seu peso inicial, pois ele irá desinchar e eliminar resíduos, depois disso é que começa a engordar.
Ali pelo terceiro, quarto dia, quando acontece a descida do leite, pode ser que a mulher produza uma quantidade bem maior do que o bebê consegue ou precisa mamar, as mamas ficam inchadas e duras, o que pode ocasionar dor. Nesse caso o leite em excesso deve ser ordenhado (de preferência manualmente) e descartado ou armazenado. Se for armazenar, deve ser guardado em vidros com tampas plásticas, previamente esterilizados (fervidos), se congelados duram 15 dias, e na geladeira 24 horas. Para oferecer esse leite ao bebê ele deve ser aquecido em banho-maria e oferecido em copinho ou na seringa, evitando o uso da mamadeira. 
O seio muito cheio não deve ser oferecido ao bebê, antes da mamada a mãe deve ordenhar um pouquinho para que a região do mamilo fique mais macia, menos inchada, para que não ocorra a fissura, e assim oferecer o peito ao filho. Com o passar dos dias a produção do leite vai se adequar à necessidade e quantidades de mamadas do bebê

O leite - Propriedades e tempo da mamada: Não existe leite fraco! O leite materno possui todos os nutrientes que o bebê precisa até os 6 meses de vida pelo menos, inclusive água. Não se deve dar água (nem chá, ou suco) a um bebê que está em amamentação exclusiva de Leite Materno (LM). O leite produzido no seio varia sua composição no decorrer da mamada, no decorrer do dia e com o crescimento do bebê, ele vai se ajustando às necessidades nutricionais do bebê. O leite que sai do peito no início da mamada é mais "aguadinho", é muito rico em anticorpos e leucócitos, garantem a proteção do bebê. O leite do meio da mamada é rico em proteína, elemento necessário à "construção", ou seja, formação dos músculos, órgãos, etc. O leite final da mamada é rico em gordura e vai garantir a saciedade e dar energia ao bebê. Por isso, em cada mamada, é importante esvaziar um seio antes de oferecer o outro, sem tempo pré determinado.
O leite deve ser oferecido em livre demanda, ou seja, sem hora marcada. Cada bebê vai ter uma necessidade diferente, pois alguns são mais vorazes e mamam muito rápido, saciando-se rapidamente, outros são mais lentos, mamam mais devagar, param pra descansar e voltam a mamar até se sentirem saciados, ou cansados mesmo, por isso o tempo que o bebê passa no seio varia muito de um pra outro. Não é necessário acordar um bebê para mamar, o sono deles é importantíssimo e revigorante, a menos em casos muito específicos com orientação médica. Algumas mães podem achar que seu leite é fraco ou que não está sustentando seu filho, pois ele quer mamar muito, não parece saciado ou acorda muitas vezes para mamar. Isso é um engano, pois esse é o ritmo desse bebê, talvez ele mame menos a cada vez, ou mais devagar mesmo e necessite mais mamadas. Isso não é nenhum problema, mas pode trazer muito cansaço e stress para a mãe. Paciência e tranqüilidade são as melhores atitudes nessas horas, bem como o apoio das pessoas próximas. 

Leite Materno x Fórmulas (LMxLA): Ainda bem que existem as fórmulas pra aqueles bebês que realmente não podem ser amamentados por suas mães. Porém deve-se ter muita cautela ao oferecer esse tipo de leite pro bebê. A proteína do leite artificial é muito diferente da proteína do leite materno, ele pode causar alergia no bebê, cólicas, não fornece todas as vitaminas necessárias nem os anticorpos que tanto protegem o bebê, além do que, ele é sempre igual, não é o cardápio super variado que é o leite materno. Pra ter uma ideia, o bebê absorve 50% do ferro disponível no LM enquanto do LA ele consegue absorver somente 4%, por essa razão muitos pediatras receitam complementos vitamínicos aos bebês que estão com LA. O bebê que mama LA precisa tomar água também, pois para metabolizar o LA órgãos como fígado e rim ficam sobrecarregados e precisam sim de água. Às vezes pode-se ter a impressão que o bebê alimentado com LA está mais saciado do que com o LM, por passar mais tempo dormindo, sem chorar, com intervalos maiores entre as mamadas. Porém, a diferença é que o LA "empapuça" o bebê, por ter proteínas muito maiores. Para fazer uma comparação, seria a mesma diferença entre nós adultos fazermos uma refeição leve e saudável, e sentir fome umas 2h depois, ou comer uma feijoada bem pesada e passar o resto do dia sem querer (ou conseguir) comer direito. Aqui falei alguns dos motivos do porque o LM é muito melhor para o bebê do que o LA, acredito que existam mais um milhão de motivos além desses.

Chupeta e mamadeira: Muitas polêmicas sobre isso, afinal a gente sempre ouve: "mas meus filhos todos tomaram mamadeira e chuparam chupeta, e estão aí, ótimos e saudáveis!" Ainda bem né, poxa! Porém, a mamadeira pode favorecer o desmame, ou seja, fazer com que o bebê largue o peito mais cedo. Afinal, é muito mais fácil sugar o bico da mamadeira do que o do peito da mãe, o leite sai facinho, o bebê não precisa fazer muito esforço (mamar no peito é uma maratona pro bebê). Por não fazer esforço para sugar, a formação do interior bucal fica prejudicada, podendo trazer complicações na arcada dentária, na fala e na deglutição mais tardiamente. Além disso, o bebê que mama mamadeira e chupa chupeta aprende a respirar pela boca. Até então, o bebê respira somente pelo nariz, da forma correta. Quando aprende a respirar pela boca, fica mais vulnerável a problemas respiratórios e infecções de garganta e ouvido, e também pode trazer problemas na fala e nos dentes. Uma alternativa à mamadeira, caso seja necessário, seria o copinho, sonda ou seringa, nesses 2 últimos casos se oferece o dedo mindinho da pessoa que está dando o leite para o bebê sugar junto com o leite, é a forma mais parecida ao mamilo materno. Se for totalmente impossível não oferecer bicos artificiais ao bebê, prefira os ortodônticos, pois causam menos estragos (mas causam). O bebê sente imenso prazer ao sugar, isso o reconforta e é sua primeira forma de reconhecer e se relacionar com o mundo. 

A amamentação é um momento de extrema importância para mãe e filho. É onde se dá a nutrição física e emocional, onde se consolidam e fortificam o vínculo mãe-bebê. 
Desejo à todas as gestantes e mães que leram esse texto uma belíssima jornada nesse período tão especial, com todas as dores e delícias (muito mais delícias) do amamentar.

Com amor,
Equipe Gaia.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mães unidas! A importância do convívio entre mães e gestantes.

“A espécie humana foi desenhada para andar em manadas, em tribos. Nós, mães modernas, precisamos organizar uma tribo que nos apóie e ofereça companhia e compreensão.”
Laura Gutman.


Imagem daqui

Antigamente tanto a gestação quanto o parto eram vistos como eventos naturais e  vivenciados em família, desde pequena a menina acompanhava a mãe, tias, vizinhas, gestarem e parirem seus filhos, geralmente em casa, com a ajuda das tradicionais parteiras. As mulheres cuidavam umas das outras durante esse período e o conhecimento era vivenciado na prática.
Nos dias de hoje a mulher tem que se desdobrar em diversos papéis, carreira, casa, estudos, e conciliar a maternidade a tudo isso não tem sido uma tarefa fácil. Geralmente quando engravida, a maior parte das mulheres do seu convívio não estão passando pelo mesmo momento da vida, e o fato de não ter outras pessoas vivendo experiências parecidas pode trazer sentimentos de solidão e isolamento social. 
Ao mesmo tempo, a gestação e principalmente o parto deixaram de ser eventos familiares e se tornaram cada vez mais eventos médicos. Vivemos uma era de excessiva medicalização, onde o poder e o controle está muito mais na figura do médico do que da mulher.
Como conseqüências dessa desnaturalização da gravidez e do parto podemos citar: o numero absurdo de cesarianas desnecessárias realizadas, as dificuldades na amamentação e na qualidade do vínculo mãe-bebe, a grande incidência de depressão pós parto, entre outros problemas decorrentes da alienação da mulher do todo o processo psíquico e fisiológico da gestação e do parto.
Muitas mães modernas conseguem criar ou encontrar alternativas para essa questão, buscando conviver com outras mães, seja virtualmente, através de redes sociais na internet, listas de discussões e fóruns, seja pessoalmente, organizando grupos, encontros, participando de palestras, aulas e atividades voltadas para gestantes, cursos ou grupos de gestantes e casais. 
Essa interação é bem importante, pois a mulher se sente pertencendo novamente a um grupo, percebe que existem outras que passam por situações parecidas, onde se sentem acolhidas a dividirem seus problemas, suas angústias e suas alegrias.

Algumas sugestões para gestantes e mães de Floripa:

- Grupo Mães de Florianópolis no facebook: grupo virtual que discute temas relacionados a gravidez e maternidade, trocas de experiências, dicas, encontros de mães e bebês, indicação de profissionais e produtos, etc...
http://www.facebook.com/groups/maesdeflorianopolis/

- Cinematerna: sessões de cinema para mães/pais com seus bebês de 0 a 18, seguido de um gostoso bate-papo! http://www.cinematerna.org.br/sessoes/index/cidade:13/

Em breve, nós do Gaia - Maternidade Consciente, estaremos organizando encontros de gestantes e mães com bebês. Acompanhe aqui no blog, e também nosso perfil no facebook, para saber das novidades!

Com amor, equipe Gaia.




segunda-feira, 11 de junho de 2012

Lá dentro da barriga...

Você sabia que o bebezinho que cresce aí dentro, no quentinho aconchegante do seu ventre, já começa a se relacionar contigo e com o mundo exterior muito antes de nascer? Estudos comprovam  desde muito cedo a capacidade de captar o que acontece dentro e fora da barriga. 


Como o seu bebê percebe o mundo:


A partir da oitava semana de gestação, o feto move a cabeça, braços e tronco e também responde a estimulação tátil, afastando-se rapidamente quando o local onde está na barriga é pressionado pelo lado de fora. Por isso é possível que ele "fuja" quando o médico tenta auscultar o coraçãozinho dele no consultório, ou numa ultrassonografia. 
Também já consegue distinguir diferentes sabores! Pesquisas demonstraram que quando acrescentaram sacarina ao líquido amniótico, a taxa de ingestão praticamente duplicou, enquanto que a taxa diminuiu e o feto fez até careta quando foi acrescentado ao líquido um óleo de sabor amargo.
Com 16 semanas o feto já é bem sensível a luz. Quando apontada uma luz diretamente para a barriga ele vira o rosto e tem um aumento dos batimentos cardíacos.
A capacidade auditiva também aparece bem cedo, com 24 semanas o feto ouve todos os barulhos internos da mãe e sua voz, mas além disso já ouve e é capaz de reconhecer a voz do pai, de pessoas próximas e os outros ruídos externos. 
Ele é capaz de se acalmar e diminuir a movimentação quando escuta uma música clássica, tranquila, e se agita ao escutar um rock. Daí a importância de sempre conversar, cantar, contar histórias para o seu bebê, ele estará atento a tudo! Uma sugestão legal é escolher uma música específica como sendo a música do bebê, e cantá-la sempre para ele, desde a barriga. Quando o bebê nascer poderá reconhecer a cantiga e se acalmar ao escutá-la, pois a música vai remetê-lo ao período em que estava quentinho e protegido dentro do útero.
A partir das 32 semanas já é possível identificar ondas cerebrais que diferenciam sono e vigília, inclusive com períodos de sono REM, que significam os momentos de sonho.
Além disso, o bebezinho aí dentro já é capaz de muitas estripulias. Brinca com o cordão umbilical, chupa o dedo, escolhe a posição preferida para ficar, se movimenta bastante, espreguiça-se, boceja, esfrega os olhinhos... É capaz de captar os estados emocionais da mãe, alegrias, tristezas ansiedade, medo... É interessante conversar com ele sobre os teus sentimentos, explicar o que se passa, em algum nível ele conseguirá captar e te compreender.
Aproveite esse período mágico de conexão e converse bastante com seu bebê, cante, brinque, acaricie, incentive o pai a também participar desses momentos de interação. Aproveite a hora do seu banho para cantar e conversar com ele, a água caindo sobre a barriga faz um som gostoso e ajuda a propagar melhor o som da sua voz. 


É, e você achava que a vida dentro da barriga era tranquilidade pura, né?

Com amor, equipe Gaia.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O Pré-Natal Psicológico

O pré-natal tradicional é o acompanhamento realizado pelo médico (algumas vezes por enfermeiras ou parteiras), onde se avalia através de consultas regulares e exames se está tudo bem com a mãe e com o bebê, e que também visa orientar para bons hábitos de saúde, além de prevenir e tratar possíveis problemas que possam surgir durante a gestação. Já está mais do que estabelecida a importância desse pré-natal médico, porém, muitas questões importantíssimas que poderiam ser trabalhadas durante esse período tão especial da vida acabam sendo deixadas de lado, ou em segundo plano.

Tanto uma gravidez desejada e super planejada quanto aquela que vem de surpresa trazem à tona um turbilhão de sentimentos muitas vezes confusos e contraditórios, como alegria, medo, insegurança, euforia, tristeza, esperanças, desilusões. É importante conseguir encontrar uma forma de lidar com tantas mudanças e sensações novas com tranquilidade e sem culpas.


A ideia do pré-natal psicológico é justamente essa,  acompanhar de perto e com um olhar diferenciado durante a gestação e também no pós parto, todas essas mudanças e transformações, auxiliando a mãe, pai e família a vivenciar esse momento com mais plenitude e tranquilidade. É uma forma de se preparar para viver a maternidade com mais confiança e consciência.


Para tanto, o psicólogo deve ter um preparo especial para realizar esse tipo de acompanhamento. É fundamental ter um bom conhecimento de toda a fisiologia da gestação e do parto, e das peculiaridades que envolvem esse momento. É de suma importância olhar para a gestação como um processo que envolve transformações em toda a estrutura familiar.

O pré-natal psicológico também inclui o auxílio no empoderamento da mulher durante a gestação, para que essa tenha uma postura ativa em seu processo de gerar e parir, o foco no fortalecimento do vínculo mãe/bebê, pai/bebê, trabalhar questões relativas a chegada de um segundo filho e como o irmão mais velho está lidando com a chegada do mais novo,  entre outras temáticas que surgirão de acordo com as necessidades de cada família atendida. Pode-se também incluir avós ou outros familiares próximos, em uma ou algumas das sessões.

Um momento tão único, especial e transformador da vida, merece ter uma atenção cuidadosa para ser vivido em toda a sua plenitude. Olhar para a gravidez não apenas como um processo físico é de fundamental importância, ajuda a entender e viver com mais naturalidade esse rico momento de renovação e continuidade da vida.

Com amor, Equipe Gaia.