sexta-feira, 22 de junho de 2012

Amamentação - algumas informações importantes de saber antes do parto


Escrevi esse texto em meados de 2010, quando ainda estava grávida, depois de participar de um maravilhoso encontro do Grupo De Gestantes do HU  - UFSC. Saí de lá com todas essas informações fervilhando na minha cabeça e achei que seria muito importante compartilhá-las com outras gestantes. Agora tenho a feliz oportunidade de compartilhar aqui no Gaia também! 
É claro que esse texto não aborda todas as nuances desse processo tão rico que é o amamentar um filho, porém apresenta algumas dicas básicas e informações práticas que considero muito relevantes.

Com muito carinho,
Bárbara Marques Nunes.


Amamentação: Algumas informações importantes de saber antes do parto

Preparo das mamas: não existe nenhuma evidência de que esfregar com bucha, toalha, ou fazer rotação dos mamilos possam prevenir as fissuras, porém existem profissionais que defendem essas técnicas fortalecem a aréola, assim como o banho de sol. Não se deve passar nenhum produto (óleos, hidratantes, pomadas...) nos mamilos, pois além de deixar a pele mais fina eles obstruem pequenas glândulas que surgem ali para a lubrificação do mesmo. Essas glândulas são como pequenas espinhas, bolinhas, que aparecem durante a gravidez (não devem ser cutucadas ou espremidas). Cada mulher tem o mamilo diferente do outro, em algumas o bico é pra fora, outras é liso e em outras, invertido, porém nenhum deles impede a amamentação. O tamanho do seio não tem nenhuma relação com a quantidade de leite que a mulher vai produzir. É muito importante que a mulher seja informada e orientada sobre  aleitamento durante o pré-natal, porém muitas vezes esse assunto é deixado de lado pelos profissionais da saúde que atendem a mulher. Procure ajuda, leia, informe-se, vai ser de extrema importância mais pra frente.

Pega do peito pelo bebê: é muito importante que o seio seja oferecido ao bebê o quanto antes após o nascimento. A equipe que assistirá o parto deve colocar o bebê em contato com a pele da mãe logo que possível e após a primeira troca de carinho o bebê vai procurar a mama ou ser levado a ela. É importante que desde essa primeira mamada o bebê já pegue de forma correta, pois se pegar errado já pode provocar fissura. Algumas mulheres já saem da sala de parto com o mamilo fissurado pela pega errada. A pega correta é quando o bebê abocanha a maior parte da aréola e não somente o biquinho, seu corpo deve estar voltado para o corpo da mãe, um de frente pro outro, o queixinho encosta no seio e a língua do bebê fica em baixo do mamilo, fazendo movimento ciliar para ajudar o leite a sair. O bebê nasce com o instinto da sucção, porém não nasce já sabendo mamar, é um aprendizado tanto para ele quanto para a mãe, esse aprendizado requer muita paciência e uma boa rede de apoio, profissionais que bem orientem a mãe e a família apoiando e incentivando. É um momento delicado e de bastante fragilidade da mulher, portanto a última coisa que ela precisa é ouvir histórias negativas sobre amamentação, leite fraco, esse tipo de coisa. A mulher que está amamentando precisa de bastante repouso, tranqüilidade, se manter bem alimentada e bem hidratada.

A descida do leite: o primeiro leite que sai do seio da mãe é chamado de colostro. Ele é importantíssimo pois é rico em anticorpos da mãe que passarão para o bebê, imunizando-o de muitos vírus e bactérias. Por ter menos gordura, algumas pessoas acham que o leite é fraco e que o filho ficará com fome, o que não é verdade, aquilo é o que ele necessita naquele momento. O bebê não vai passar fome, ele nasce com uma reserva de nutrientes, e é normal que nos primeiros 5 dias ele emagreça, perca até 10% do seu peso inicial, pois ele irá desinchar e eliminar resíduos, depois disso é que começa a engordar.
Ali pelo terceiro, quarto dia, quando acontece a descida do leite, pode ser que a mulher produza uma quantidade bem maior do que o bebê consegue ou precisa mamar, as mamas ficam inchadas e duras, o que pode ocasionar dor. Nesse caso o leite em excesso deve ser ordenhado (de preferência manualmente) e descartado ou armazenado. Se for armazenar, deve ser guardado em vidros com tampas plásticas, previamente esterilizados (fervidos), se congelados duram 15 dias, e na geladeira 24 horas. Para oferecer esse leite ao bebê ele deve ser aquecido em banho-maria e oferecido em copinho ou na seringa, evitando o uso da mamadeira. 
O seio muito cheio não deve ser oferecido ao bebê, antes da mamada a mãe deve ordenhar um pouquinho para que a região do mamilo fique mais macia, menos inchada, para que não ocorra a fissura, e assim oferecer o peito ao filho. Com o passar dos dias a produção do leite vai se adequar à necessidade e quantidades de mamadas do bebê

O leite - Propriedades e tempo da mamada: Não existe leite fraco! O leite materno possui todos os nutrientes que o bebê precisa até os 6 meses de vida pelo menos, inclusive água. Não se deve dar água (nem chá, ou suco) a um bebê que está em amamentação exclusiva de Leite Materno (LM). O leite produzido no seio varia sua composição no decorrer da mamada, no decorrer do dia e com o crescimento do bebê, ele vai se ajustando às necessidades nutricionais do bebê. O leite que sai do peito no início da mamada é mais "aguadinho", é muito rico em anticorpos e leucócitos, garantem a proteção do bebê. O leite do meio da mamada é rico em proteína, elemento necessário à "construção", ou seja, formação dos músculos, órgãos, etc. O leite final da mamada é rico em gordura e vai garantir a saciedade e dar energia ao bebê. Por isso, em cada mamada, é importante esvaziar um seio antes de oferecer o outro, sem tempo pré determinado.
O leite deve ser oferecido em livre demanda, ou seja, sem hora marcada. Cada bebê vai ter uma necessidade diferente, pois alguns são mais vorazes e mamam muito rápido, saciando-se rapidamente, outros são mais lentos, mamam mais devagar, param pra descansar e voltam a mamar até se sentirem saciados, ou cansados mesmo, por isso o tempo que o bebê passa no seio varia muito de um pra outro. Não é necessário acordar um bebê para mamar, o sono deles é importantíssimo e revigorante, a menos em casos muito específicos com orientação médica. Algumas mães podem achar que seu leite é fraco ou que não está sustentando seu filho, pois ele quer mamar muito, não parece saciado ou acorda muitas vezes para mamar. Isso é um engano, pois esse é o ritmo desse bebê, talvez ele mame menos a cada vez, ou mais devagar mesmo e necessite mais mamadas. Isso não é nenhum problema, mas pode trazer muito cansaço e stress para a mãe. Paciência e tranqüilidade são as melhores atitudes nessas horas, bem como o apoio das pessoas próximas. 

Leite Materno x Fórmulas (LMxLA): Ainda bem que existem as fórmulas pra aqueles bebês que realmente não podem ser amamentados por suas mães. Porém deve-se ter muita cautela ao oferecer esse tipo de leite pro bebê. A proteína do leite artificial é muito diferente da proteína do leite materno, ele pode causar alergia no bebê, cólicas, não fornece todas as vitaminas necessárias nem os anticorpos que tanto protegem o bebê, além do que, ele é sempre igual, não é o cardápio super variado que é o leite materno. Pra ter uma ideia, o bebê absorve 50% do ferro disponível no LM enquanto do LA ele consegue absorver somente 4%, por essa razão muitos pediatras receitam complementos vitamínicos aos bebês que estão com LA. O bebê que mama LA precisa tomar água também, pois para metabolizar o LA órgãos como fígado e rim ficam sobrecarregados e precisam sim de água. Às vezes pode-se ter a impressão que o bebê alimentado com LA está mais saciado do que com o LM, por passar mais tempo dormindo, sem chorar, com intervalos maiores entre as mamadas. Porém, a diferença é que o LA "empapuça" o bebê, por ter proteínas muito maiores. Para fazer uma comparação, seria a mesma diferença entre nós adultos fazermos uma refeição leve e saudável, e sentir fome umas 2h depois, ou comer uma feijoada bem pesada e passar o resto do dia sem querer (ou conseguir) comer direito. Aqui falei alguns dos motivos do porque o LM é muito melhor para o bebê do que o LA, acredito que existam mais um milhão de motivos além desses.

Chupeta e mamadeira: Muitas polêmicas sobre isso, afinal a gente sempre ouve: "mas meus filhos todos tomaram mamadeira e chuparam chupeta, e estão aí, ótimos e saudáveis!" Ainda bem né, poxa! Porém, a mamadeira pode favorecer o desmame, ou seja, fazer com que o bebê largue o peito mais cedo. Afinal, é muito mais fácil sugar o bico da mamadeira do que o do peito da mãe, o leite sai facinho, o bebê não precisa fazer muito esforço (mamar no peito é uma maratona pro bebê). Por não fazer esforço para sugar, a formação do interior bucal fica prejudicada, podendo trazer complicações na arcada dentária, na fala e na deglutição mais tardiamente. Além disso, o bebê que mama mamadeira e chupa chupeta aprende a respirar pela boca. Até então, o bebê respira somente pelo nariz, da forma correta. Quando aprende a respirar pela boca, fica mais vulnerável a problemas respiratórios e infecções de garganta e ouvido, e também pode trazer problemas na fala e nos dentes. Uma alternativa à mamadeira, caso seja necessário, seria o copinho, sonda ou seringa, nesses 2 últimos casos se oferece o dedo mindinho da pessoa que está dando o leite para o bebê sugar junto com o leite, é a forma mais parecida ao mamilo materno. Se for totalmente impossível não oferecer bicos artificiais ao bebê, prefira os ortodônticos, pois causam menos estragos (mas causam). O bebê sente imenso prazer ao sugar, isso o reconforta e é sua primeira forma de reconhecer e se relacionar com o mundo. 

A amamentação é um momento de extrema importância para mãe e filho. É onde se dá a nutrição física e emocional, onde se consolidam e fortificam o vínculo mãe-bebê. 
Desejo à todas as gestantes e mães que leram esse texto uma belíssima jornada nesse período tão especial, com todas as dores e delícias (muito mais delícias) do amamentar.

Com amor,
Equipe Gaia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário